UTI Neonatal do Hospital Sapiranga celebra seis anos de história

Mães contam histórias emocionantes vividas em um ambiente de amor, profissionalismo e acolhimento

 

O espaço da UTI Neonatal no Hospital Sapiranga celebra nesta semana seis anos de existência. Ao longo deste período (23/01/2017 a 10/01/2023) foram 1.464 pacientes atendidos. O tempo médio de internação é de 15 dias, porém casos mais complicados registram até três meses de duração na unidade. Ao longo desse intervalo, muitas emoções foram vividas neste ambiente.

A primeira paciente

O nascimento de Julia Bender Flores, hoje com 6 anos, foi uma inspiração e que entrou para história como a primeira paciente da unidade. A bebê nasceu de 34 semanas, em um hospital em Novo Hamburgo de emergência, porém não tinha mais leito no hospital e a família foi, então, comunicada da necessidade de transferência.

“Nenhuma mãe está emocionalmente preparada em dar a luz a seu sonhado filho e deixá-lo no hospital e comigo não foi diferente. Posso dizer que foram os 17 dias mais angustiantes da minha vida. Foi uma mistura de sentimentos que tomou conta de mim com medo, incertezas e insegurança. Lembro que não havia leito neonatal em nenhum hospital próximo, até vir a notícia da UTI Neonatal do Hospital Sapiranga que estava sendo inaugurada exatamente no dia 23 de janeiro. relatou a mãe Rita Cristiane Bender.

A vontade da mãe era ficar ao lado da filha o tempo inteiro. Ao ver a bebê na incubadora, com todos os cuidados seguidos pelas enfermeiras, ficava o sentimento de frustração por não poder tocar na filha.

“Depois de um tempo liberaram as luvas para que eu pudesse encostar nela, mas não podia pegá-la e nem senti-la. Sabe o que é essa ausência para uma mãe?!!! Só quem vive uma UTI sabe o que estou falando. Entramos de um jeito e saímos de outro”, relatou.

A mãe havia chegado com o pai às 9h e saído às 21h. O repouso na hora do almoço era doído não só pela angústia, mas pelos pés inchados.

“Minha mãe fazia um escalda pés. Repouso pós parto não tive. Mas isso era de menos, queria era estar com minha filha, tão pequena, tão frágil e ao mesmo tempo tão forte, lutando pela vida.
Aos poucos fui pegando confiança na equipe de médicos e de enfermeiras que cuidaram com comprometimento e dedicação não só da minha filha mas de todos que entravam lá. Antes de ir embora sempre fazia uma oração e pedia que Nossa Senhora e seus anjos cuidassem da minha filha e dos outros bebê enquanto eu não estivesse lá. Agradeço aos anjos sem asas que cuidaram e zelaram pela Júlia e pelos outros bebês. As enfermeiras foram os anjos que pedia em minhas orações. Nós evoluímos a cada dia um pouquinho e essa parte da minha vida foi construída pela equipe maravilhosa e abençoada do Hospital Sapiranga. Hoje a Júlia é cheia de vida, como sempre foi, um menina doce, meiga e feliz. Vocês terão nossa eterna gratidão”, finalizou.

A superação de Lavínia

Uma dessas experiências foi vivenciada pela mãe, Kassia Loh Barth durante o nascimento da filha, Lavínia Loh Trendt Apollo.

“Descobri a Lavínia com 21 semanas e com 31 semanas ela nasceu. Não havia UTI no hospital que eu estava anteriormente, então fui transferida para o Hospital Sapiranga. Cheguei 9h e às 9h14 ela nasceu. Fui muito bem atendida em um momento em que eu não conseguia sequer fazer força. As enfermeiras me deram a mão e me ajudaram. A UTI Neonatal é muito bonita, organizada e sempre tive uma atenção plena das enfermeiras. A minha filha tinha apneia e muita dificuldade na respiração. Só sinto gratidão ao Hospital Sapiranga porque minha filha ficou lá 43 dias e sempre fomos muito bem acolhidos. Ela nasceu dia 27 de novembro de 2018 e saiu de lá dia 8 de janeiro de 2019. O ambiente era tão bom que às vezes a gente esquecia que estava em uma UTI Neonatal. Criamos uma rede de apoio e amizade e, hoje, acolhemos mães que perderam seus filhos”, descreveu Kassia.

As situações mais frequentes são relacionadas à prematuridade, desconforto respiratório do Recém Nascido e icterícia neonatal.

Por fim, a importância do Hospital Sapiranga como centro de referência da região está evidenciada na estatística que mostra que já passaram pela UTI Neonatal recém-nascidos de 55 cidades do Rio Grande do Sul.

Acompanhamento Psicológico

A equipe de psicologia do Hospital Sapiranga cumpre um papel importante no acompanhamento dos casos com os pais na UTI Neonatal, pois esse é um momento muito difícil e de muita fragilidade para a família.

“Todos estão preparados para gerar seus bebês e os levar para casa e quando isso não acontece, precisamos intervir para auxiliar com os sentimentos dos pais e fortalecer o vínculo dos mesmos com seus bebês. Também organizamos grupos com os pais, no qual instigamos eles a falarem sobre seus sentimentos e com isso acabam percebendo que não estão sozinhos. E pensando sempre em fortalecer o vínculo entre pais e filhos, o período de visita nesta unidade é mais prolongado, pois grande parte do sucesso dos tratamentos e da recuperação é resultado do amor, do carinho e da presença da mãe e do pai ao lado de seus recém-nascidos ”, explica a equipe de psicologia do hospital.

Elita Herrmann, diretora do hospital ressalta a importância deste serviço não só para a nossa região, mas para o estado, e relembra que por inúmeras vezes a unidade chegou perto de ser fechada, em virtude da defasagem da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), que não supre os custos totais das diárias da unidade, o que gera dificuldades para manter o serviço. Mas durante esses seis anos, não medimos esforços na busca de auxílio, um exemplo são, os recursos destinados por emendas parlamentares que contribuem para a manutenção deste serviço essencial para a nossa comunidade.

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